quinta-feira, 19 de março de 2015

Feridas

Escrevo, mas a minha alma chora. Chora porque ela não esquece, a ferida aberta e transcendente, que me magoa continuamente e que infelizmente esta ligada a ti. Sim, tu que foste simbiose deste ser durante tanto tempo. Mostraste-me sinergias no mundo que desconhecia, magia pura, que provavam que a força da vida está nos pormenores e para eles, não chegariam palavras suficientes para os decifrar, contar. Hoje escrevo, como outrora. Há uma raiva incessante em mim que me abranda. Não é ódio, é veneno que corrompe o coração e a mente de um corpo atirado borda fora. Mais um galeão da Invencível Armada afundado. Linhas históricas desniveladas, conversas cortadas e rostos enforcados. O poeta tem que ter cuidado com a noite, a melancolia fá-lo divergir ao sabor dessa névoa mítica, que o encaminha num acto sadomasoquista mas necessário, numa plataforma giratória de sentimentos e pensamentos, que entoam a síntese da sua filosofia, mas que nunca dirão tudo de si, na realidade. Por isso quem ama é poeta. É filósofo da vida. É sofredor nessa plataforma giratória de sentimentos e pensamentos, mas que recompensa. Hoje escrevo, não digo que te amo. Amo a vida e todas as coisas que ela me dá, boas ou más, na sua virtude, no seu saber. Hoje a minha alma chora, mas não caiem lágrimas porque sei que as feridas saram! Jaylson.