sábado, 15 de outubro de 2011

Le ciel


Ao mesmo tempo que o céu estrelado se mantinha,
Tocavam 12 badaladas na igreja ao lado,
E se a pêra doce sua boca sabia,
Quer então dizer que de facto vamos ambos enamorados.

Porque se só a si minha donzela peço guia,
Quer também dizer que de si tenho todo o gosto e agrado.

Luzes das estrelas o céu mantinha
Por um amo-te,
Por vezes de cariz complicado.

Porque a si devo tudo doce diva,
Espero que ilumines este teu amor maravilhado,
Com tal alegria e simpatia,
Indo o moço de teu amor escravo.

Se é a vida e o amor?
Para que pensar muito?

É tão bom amar e viver sem o saber,
É tão bom provar o pouco que o amor sabe e por ele sofrer.

O Camões Preto

sábado, 9 de julho de 2011

O casal perfeito


A história de ambos remota aos primórdios das suas próprias existências, conhecem-se desde sempre e prontamente caminhavam ambos passo a passo no caminho da felicidade. Sim, mantêm-se juntos desde os cinco anos de idade quando ele agarrou com afinco e com toda a coragem as mãos de ambos, ascendendo-as bem ao alto num gesto de plena união e amor, afirmando que dali em diante ela seria dele e ele seria dela, para sempre. Assim tornavam-se num só ser desde cedo. Ela amou-o desde o primeiro momento que sentiu a sua presença, mantendo-se junto dele até hoje, e apesar de ser cega e de ele o saber, permaneceram-se juntos na saúde e na doença, na alegria e na tristeza e nem a morte um dia chegará para os separar. É triste mas foi o seu destino. Perdeu a visão num acidente que fatalmente pôs duas asas de anjinho e um halo, por cima das cabeças dos seus pais, deixando-a assim sozinha num mundo assustador, fazendo com que ela vivesse com uma tia que viria a mostrar-lhe o portão da felicidade e do amor, que no fim seria coroado com o aparecimento dele, que por fim traria luz aos seus olhos avelã, cor de oiro e brilho de estrela. Mas no amor não importa se vemos ou se não vemos. Ela não precisa de o ver, porque quem ama vê as escuras, sente a distâncias impensáveis e ouve o coração do seu ser amado bater, numa ligação de telepatia e amor inquebrável. Isto não é a história de Romeu e de Julieta. Ela não é Bonnie e ele não é Clyde, mas são perfeitos um para o outro, caminhando lado a lado, passo a passo, de mãos dadas e sorrisos abertos, ele servindo de guia e o seu ombro de encosto, onde por fim pousaria ela a sua cabeça, ficando abraçados, aquecidos e sentados a medida que as folhas laranjas do Outono caiam delicadamente no chão, ao mesmo tempo também que os seus lábios vão-se encontrando mutuamente em longos beijos cheios de ternura e paixão. O primeiro beijo dela será dele e o primeiro beijo dele será dela. É uma vida simples preenchida de amor e carinho. A mão esquerda dele estava sempre quente para a mão direita dela, ao mesmo tempo que vão passeando e que vão quebrando tabus de uma sociedade mesquinha e atrasada, provando que o amor se sente e não se vê e que a cada dia transforma-se em algo melhor ainda, sendo um baú de surpresas que no fim revelar-se-á ser o coração de ambos, infinitamente apaixonados, um pelo outro!

JG

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Borboleta


Encontro-me deitado. Lentamente vou-me absorvendo na escuridão que me cobre num cintilar de sons que só a noite conseguirá explicar. No escuro os meus olhos não são nada. Não se vê, pensa-se muito e sonhar é tão fácil como um pestanejar que a cada micro-segundo acontece. Lembremo-nos que tudo isto é tão normal, como estão ligadas todas as partes da nossa mente ao nosso coração, e de dele cada veia, e de cada veia bombeado o sangue, e do sangue ser-se vida e na vida ter-se sentimentos. Mas neste caso eu não preciso de luzes, eu consigo ver-te as escuras. Sim, vejo-te sentada em frente à um espelho que tanto desejas partir. Partir, partem os pequenos cristais que verdadeiramente são as tuas lágrimas que involuntariamente caiem sós no chão! Isto não é um vislumbramento de uma mente que anda a roda e a roda numa plataforma instável de sentimentos. É sim de quem se preocupa, de quem para ti quer a maior felicidade e ternura mesmo sabendo que nunca te teve ou que nunca um dia te terá, para si. Mas o que tens? (interrogo-me) Porque não sorris como antes? O teu olhar que à tempos era tão brilhante como uma estrela é hoje seco, abatido, distante e triste, e infelizmente eu nada posso fazer a não ser rogar-te para que saias dessa escuridão sombria deixando de ser um cântaro fechando, por fim. Ouve-me, quem não se preocupa contigo é porque verdadeiramente nunca te quis bem ou um dia te quererá bem também. Abre as asas minha borboleta, meu anjo, voa para um céu onde a luz voltará a tua vida e ao teu sorriso. Iluminando por fim esses teus magnânimos olhos!

Ocamoespreto

segunda-feira, 6 de junho de 2011

É hoje!


Será hoje que, passados 10 anos de namoro e 5 de poupança extrema, que eu, pedir-te-ei em casamento. Meu amor, hoje será um dia marcante para ambas as nossas vidas e do mútuo sentimento que nos une, tão forte como o aço e simples como um girassol. É hoje, e após almoçar-mos por debaixo daquela árvore gigante, onde com apenas 11 anos de idade demos o nosso primeiro beijo, que por mim é tão presente como o último, que eu gentilmente desabrocharei de dentro do meu já gasto fato preto, o dito anel, que por fim ditará o nosso destino já certo, porque quando se ama tudo é bom desde o primeiro ao último momento. Comprei-o minha estrela. É de ouro com um pequeno diamante no centro, brilha tanto como os teus olhos e curiosamente nele esta inserido um reflexo contínuo do teu rosto. Ma vie, esta é a minha proposta que cuidadosamente é lida para ti por um mensageiro que nunca encontrará palavras no mundo que expliquem o quanto és especial. O quanto és única. O quanto és magnificente a cada passo que dás com esse teu sorriso imperial, a medida que os teus olhos reviram-se de este a oeste e de oeste a este, fazendo com que cada plebeu que veja relembre esse momento único, distinguindo-te com uma vénia! Obrigado por partilhares cada momento triste ou feliz da minha vida contigo. Obrigado por seres quem és e por favor nunca mudes. Desde pequenos que continuamos nesta jornada, numa jangada de flores e folhas rumo a felicidade. Aquela árvore sempre representou o nosso amor, na medida que cada folha roxa, que cuidadosamente é solta pelas diversas brisas, formam um arco-íris só nosso, num local só nosso e de um amor de ambos, que se permanece forte e coeso num só ser! Aproveitando esses lindos momentos, pedir-te-ei em casamento, coroando-te minha rainha…como sempre o foste!

Jaylson Graça

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A carta!


Já ia longo o dia quando sobre ti vieram-me as mais lindas e fantásticas memórias que o meu coração tão bem guarda, ao longo destes anos. Não sei, mas os diversos impulsos que um homem que de ti tem o maior apreço e gosto vêm sempre ao de cima. Não serão caracteres de uma máquina de escrever, nem uma letra transfigurada de um doutor que escreve num papel perfumado para que depois o vejas. Lembro-me bem de tudo apesar de parecer mentira. Está-me tão presente na memória aquele nosso verão bem passado a costa, onde a minha Vespa era o nosso transporte, de onde o vento esvoaçava o teu cabelo naquelas curvas que por mim tão cuidadosamente eram dadas com mestria de piloto e de quem vai apaixonado naquela Serra da Arrábida tão explorada por nós. Da areia também guardo eu lembranças, a medida que os nossos dedos em plena ligação escreviam juras de amor e os nossos nomes, naquele areal branco e amarelo, pedindo a água que se acalmasse, rezando para que a maré não subisse à uma velocidade exagerada e para que as ondas que tão violentamente rebentavam perto dos nossos pés, não apagassem aquela obra-prima carregada de paixão e cumplicidade. Os almoços eram sardinhas assadas acompanhadas de pão. A simplicidade sempre foi o marco da nossa paixão. Eu bem digo, a simplicidade é a maior das complexidades, porque tudo na vida começa por ser simples, tudo na vida é simples, morre-se, nasce-se e vive-se, é simples. O nosso amor era assim verdadeiro e único. Os longos beijos que dávamos ao sabor do vento e do sumo de morango que se espalhava pelas nossas bocas, transformavam a Vespa numa nave espacial, de onde cada beiça puxada pelos dentes e cada arranho dado nas costas seriam combustível de uma nave que transbordaria com os seus propulsores para fora da galáxia, e do universo. Sim, lembras-te? Hoje não sei nada sobre ti. Desapareceste num para sempre que é hoje confirmado pela tua ausência e pela minha solidão. Procurei-te anos a fio e sem descanso. Bolas, fugiste que nem uma pomba branca assustada para longe dos meus olhos a medida que eles desabavam lágrimas sem fim, e a mesma carta que deixaste dizendo, “Desculpa tive que me ir”, ser queimada de raiva por mim a medida que soluçava e esmurrava aquele areal branco e amarelo por cima dos nossos nomes! Nem sei porque e para quem escrevo isto, se não passas de mais um espectro da minha mente e a origem do buraco negro que é o meu ser. Mas isto tudo não importa já que estou extremamente bêbado e, e , não sei o que fazer. Se calhar atarei esta carta há um pombo e ele que por magia te encontre e que te diga o quando ainda és importante, para mim.

Jaylson Graça

terça-feira, 5 de abril de 2011

Adeus amigo, adeus !

De que vale pensar ou questionar como estás? Se vives bem? Se respiras? Se choras? Se sofres? Ou se em mim pensas? De nada, e nunca valeu, pensar ou questionar isto. Simplesmente sinto-me triste devido as diversas memórias que tenho de ti. Não há mais shake and bake, ou bake num hambúrguer acompanhado de uma fatia de queijo derretido tantas vezes comido por nós, na maior das aflições. Não quero que me venhas falar. Não quero que penses ou que te questiones o porquê que eu, tão melancolicamente escrevo, estas palavras. Foi um impulso de um amigo que chora a medida que te vê saltitando numa prancha daquelas que existem numa piscina, de onde após apanhares balanço pelo ar e elevação, num voo bem a pique e sincronizado, cuja a pista de aterragem é simplesmente uma piscina sem água, que estupidamente evaporou e da qual só sobrará, o teu corpo morto!

Jaylson Graça

(Felizmente é Abril)

segunda-feira, 14 de março de 2011

The VIRUS by fernando pinella



The virus é uma longa metragem portuguesa em que a acção e o mistério são as palavras chave.
O "virus" de que se trata o filme "salta" de mãos em mãos, quando na tentativa da sua venda, no momento da acção, um agente especial da CIA aborda ambas as partes interessadas e vários tiros são trocados.
Entre a confusão, o grupo responsável pela venda da substância consegue fugir levando consigo o virus e o dinheiro. Estando assim montado o cenário de "gato e rato" entre a Central inteligente e o criminoso que foge com o virus. O que os agentes não sabiam é que este é um mestre na fuga, tendo capacidades quase sobrehumanas. Investigações demonstram que este é ainda a ultima das 3 pessoas no mundo resistentes ao virus, o que causa medo e transtorno na vida do agente da CIA.

A não perder...

sábado, 12 de março de 2011

O pianista


Tocava todas as noites naquele seu velho piano que há muitas gerações pertencia a sua família. Era um piano feito de madeiras exóticas e marfim. Era lindo, perfeito e único. Tratava dele como tratava a sua namorada, que só adormecia ao ouvi-lo tocar as mais lindas melodias de Chopin, Mozart, Sviatoslav Richter e outros. Viviam juntos há mais de 3 anos. Fugiram os dois pelo seu amor, a paixão que nutria entre ambos era tão forte que não se importavam de viver naquela pequena casa. Só o piano ocupava metade do espaço. Um pequeno frigorífico, uma velha televisão, um microondas, uma casa de banho, um pequeno armário e uma pequena cama preenchiam aquela vida simples mas feliz. Ela trabalha nas limpezas, fazia-las aqui e ali, ao mesmo tempo que tirava na universidade (com dificuldade) o curso de medicina. Ele, faz o máximo de horas que consegue como distribuidor na Telepizza, ao mesmo tempo que treina intensamente para ser o maior pianista de todos os tempos. A renda não era muito cara e nem tinham despesas exageradas,muitas vezes o jantar era pizza, mas nada disso importava, a felicidade enchia-os o estômago e a vida. Tudo era perfeito, nos dias de chuva (que ela amava) ficavam simplesmente deitados a observar aquela neblina que se opunha a um sol que tanto desejava abrir-se. Assistiam em primeira mão a aquela chuva que delicadamente escorria pela estrada num acto de limpeza daquela imensa sujidade que marcavam as diversas calçadas da goteja rua em que viviam. O tempo passava e diversas notas naquele lindo piano eram tocadas, ela achava-o perfeito e ele achava-a a mulher mais linda a face da Terra. Até que… num dia normal como todos os outros, ela apercebeu-se de que metade de todo aquele seu castanho cabelo caíra, encontrava-se tão pálida e fraca que nem da cama se levantava. “112, 112, rápido, por favor, salvem o meu amor” (gritou ao telefone ao mesmo tempo que chorava). A ambulância demorava a chegar, e ele não parava de chorar ao vê-la mórbida e quase sem vida. Num acto de desespero (e ainda de pijama) chamou um Táxi e de lá seguiram para o hospital mais perto. Fizeram-se testes aqui e ali. Coitada, diagnosticaram-lhe um tumor maligno que já lhe afectava metade do cérebro. Esse dia fora o mais longo de toda a sua vida. Vê-la deitada e ligada a tubos e o pior, saber que prontamente ela…ela, ela tinha remotas esperanças de sobreviver mas o tratamento era extremamente caro e ele, ele não tinha dinheiro! Foi para casa, chorou toda a noite, tocou e tocou, mas cada melodia que tocava não era sentida, não tinha o “tal sabor” como as outras, só pensava em arranjar dinheiro. Pensou em assaltar um banco, em fazer um crédito, em pedir aos seus pais, aos dela e ao Papa se fosse preciso. Até que pensou em vender o seu piano, o seu companheiro de longa data, a sua segunda razão de viver. Não hesitou, após tocar todas as melodias que sabia e de chorar, lá ligou à uma loja de música que a muito queria o seu piano por ser tão exclusivo e único. Por ele conseguiu um total de 25 mil euros. Correu, e correu, até chegar ao hospital. “SENHOR DOUTOR, SENHOR DOUTOR” (gritava estafado) “ aqui tem o dinheiro, opere-a, salve-a por amor de Deus”. O doutor olhou-o com um olhar triste e abatido. Disse-lhe o que ele não queria ouvir. Chorou, chorou, chorou e chorou. Não queria acreditar naquilo. Sentia-se vazio, sozinho, desamparado e desgarrado da felicidade que há tempos tinha. O dinheiro não valeu de nada. Usou-o para o funeral. Estavam lá todos. Ele continuava moribundo, quase sem palpitação e vida. Com o restante do dinheiro comprou bebidas. Bebeu, bebeu e bebeu, mas isso não lhe trazia-a de volta. Continuava triste, simplesmente
(Dois anos depois)
Coitado, ficara viciado no álcool. Perdera a casa. Agora andava de mala as costas. Era mais um sem-abrigo que comia uma sopa quente e que usava o cartão como colchão. Tinha a barba grande, o cabelo gigante. Tomava banho quando chovia e quando conseguia ir para o balneário público de Alcântara. A vida corria-lhe mal, até que um dia viu um papel : “Concurso de Piano no CCB. O vencedor ganha 5,000 euros e um contracto”. Não tinha nada a perder. Podia ser a única oportunidade de renascer e ser alguém. Entrou na camioneta sem pagar e lá foi. Chegou ao CCB e inscreveu-se. Passado um tempo viu-se numa enorme sala e ao pé de um grande piano. “Sente-se e toque” , disse-lhe Bernardo Sassetti, um famoso pianista português. Sentou-se, mas hesitava em começar, não conseguia concentrar-se, respirou bem fundo e fechou os olhos. Logo que o fez lembrou-se de tudo que lhe fazia feliz, ela! Lembrou-se dos beijos, dos abraços, do toque e de tudo o resto. De olhos fechados começou a tocar algo de Chopin com um enorme sorriso nos lábios. Tocou e tocou até acabar. Após isso uma enorme salva de palmas fez-se ouvir por toda a sala. Bernardo Sassetti levantou-se ao mesmo tempo que batia palmas dizendo: “temos o nosso vencedor, magnifico, fantástico, que talento”. Ele finalmente sentia-se feliz, “obrigado, obrigado” dizia com um ar tímido e reservado. Finalmente conseguiu ser algo, mas sentia-se triste por ela não estar ao seu lado e por isso escreveu-lhe uma carta: “ Meu amor, consegui finalmente. Graças a ti meu amor, meu tudo. Sinto saudades tuas. Espero que estejas bem ai no céu. O meu piano esta hoje num museu. A nossa antiga casa ainda continua vazia. Vou ver se falo com o Sr. António para a comprar. Espero que recebas essa carta meu anjo. Olha, hoje esta a chover, como tu gostas" !



Jaylson Graça

domingo, 6 de março de 2011

Plausível obra-prima


Ele encontrava-se parado e frigido. Num só instante toda a sua alma despiu-se num impulso, deixando toda a sua carnificina exposta hás diferentes lombrigas, formigas e bactérias que desesperadamente auto-movimentavam-se em direcção ao seu corpo. Aquele instante mudara tudo em si. Imagine-se, ver a sua amada num longínquo tão perto que de horizonte tinha pouco, acompanhada alegremente por um … (continuou a debitar nomes ofensivos até acalmar-se por fim). Sentia naquele momento nas grossas veias que tinha do braço, algo mais espesso que o próprio sangue. Algo mais quente e flamejante ao absinto que bebera naquela tarde. Sentia também algo mais ilusionista que o próprio ópio plantado nas mais altas montanhas do Afeganistão. Era um totó drogado pelo amor que sentia por aquela mulher inocente, que apesar de ter olhos lindos, não conseguia ver aquela tremenda sujidade a sua volta. Cansado daquilo correu à alta velocidade para casa. Não se cansou, chegou, sentou-se na cama e pôs-se a olhar para a grande parede branca vazia que tinha no quarto. Pensava e pensava, mas encontrava-se de cabeça quente e pensar naquele momento fazia-lhe mal. Tentou acalmar-se: - “WOOSA”, “WOOSA” (dizia com a voz trémula e cansada). Mas de nada valia, ele encontrava-se no expoente da sua ira, e diversas coisas não paravam de lhe vir a mente. Assim, que nem um animal atacado com raiva, mordeu o seu braço esquerdo, espetando os seus dentes o mais fundo possível da sua pele num acto sádico e louco, arrancando metade da sua epiderme, deixando assim uma ferida profunda, aberta! O seu sangue escorria e escorria, ao mesmo tempo que soluçava, pequenos rios de lágrimas malogradas ao longo do seu quarto se formavam. Desesperado e farto daquilo tudo o coitado espeta bem fundo naquela ferida aberta um dos dedos que já não conhecia da sua mão direita. Queria sentir dor. Queria e queria, mas de nada valia. Assim, aproveitando o imenso sangue que de dentro dele provinha passou o dedo naquela ferida, escrevendo na parede tudo o que verdadeiramente sentia, enchendo aquela parede branca cheia de vida, finalmente!


Jaylson Graça ps: é uma simples história não sou assim tao louco

terça-feira, 1 de março de 2011


É mais uma manhã após uma noite de sonhos tão conturbadores e estranhos. Acordei, felizmente, mas não consigo esquecer nada do que passei na noite anterior. Sonhei contigo na noite anterior, mais uma vez. Não o quero, nem nunca o quis, mas isso é já inevitável. Sonhar contigo faz parte de mim por completo, meu amor. Oh meu amor. Digo-te já que estavas uma autêntica rainha, munida de um vestido branco que tão bem combinava com o teu colar de pérola azul, mas que em tudo era ofuscado devido ao intenso brilho desses teus lindos olhos. Caminhavas graciosamente pela rua, sublime e única (como sempre). O vento esvoaçava o teu oiro cabelo, deixando pelo ar o teu gostoso perfume que com a maior das ternuras entrava pelo meu nariz, enfeitiçando-me por completo. Estava parado, simplesmente contemplava a tua grandeza ao mesmo tempo que pequenos pássaros verdes cantarolavam a mais linda melodia do mundo, que rica primavera. Mas de súbito tudo mudou. Aquela paisagem transformou-se em algo inacreditável e sombrio. O teu lindo vestido branco esfumou-se por completo. Tu, encontravas-te deitada no chão, débil e inconsciente. Ao teu lado, vi um homem com a cara negra, que com a maior das ousadias tocava no teu gracioso rosto. Apesar de fraca gostavas de cada toque que era feito por aquele demónio. Eu, encontrava-me deitado numa espécie de relva crespa. Tinha nas minhas mãos uma lança partida a metade, parecia que enfrentei uma luta brutal. Não duvido que tenha sido contra aquele espectro terrível e negro. Estou ferido, alguém apunhalou-me pelas costas, atravessando por completo o meu coração. Agora sofro no chão. Mais do que a dor da facada é a dor de não poder ver-te mais. Os meus olhos fecham-se calmamente até ao último fio de luz. Ouvi-te pela última vez, rias-te com aquele espectro. Esse som afastou-se e afastou-se e ai percebi que a minha vida se foi e que tu! Tu simplesmente deixaste-me ali, e assim eu desisti de tudo e de ti.


Jaylson Graça

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Serei Tonto?


Não sei se vês, mas os meus lábios tremem a medida que te aproximas de mim. Todo o meu corpo transforma-se em algo que em mim é desconhecido. Tenho medo que o notes e que faças pacovice com este meu amor estúpido e sincero. Eu tentei fugir a tudo isto, tentei pôr-te de parte, tentei continuar aquela vida boémia e fútil que tinha mas não consegui, fracassei por completo. Existem mais coisas que nos unem do que aquelas que nos separam, e sim até é verdade, é como se te beijasse com os olhos, é como se te tocasse com o pensamento e que sentisse facadas no meu peito a cada lágrima que escorre desse teu lindo rosto. Espero ser o teu guarda-chuvas nas mais densas tempestades desta dura vida. Quero ser muito. Mas a maior coragem do ser humano é de dizer através de palavras o que se sente. Eu gostaria muito de dizer-te o quanto te amo, mas não consigo, os meus lábios tremem!