segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A melodia do adeus



Era mais um dia daqueles que eu ficava parado a espera de ti. Naquele mesmo local, naquela mesma rua de sempre tão bem conhecida por ambos. Como sempre fico a deslumbrar a tua magnificência a cada passo comprido que das. Para não variar fico com gosto e desejo por cada metro que ultrapassas, por cada segundo que estas longe de mim e da ansiedade que de isso provem! Parecia mais um dia normal, mais um daqueles encontros programados por nós, cuja as saudades e mágoas das nossas vidas e da nossa paixão seriam afogadas em longos beijos, profundos e demorados abraços, palavras soltas, olhares fixos e únicos, aquele fogo e desejo…nossos! Infelizmente hoje não é assim, os 200 metros que te separam de mim serão os últimos da nossa linda história de amor, desculpa, mas temos que fazer escolhas e é duro pensar mas eu não posso escolher-te meu amor! São coisas que ocorrem em segundos, desculpa, desculpa, dói mas assim terá que ser, hoje é o ultimo dia e este… é o último adeus. Aproveito assim cada metro que falta para apreciar uma ultima vez essa tua fissura divina que a mim tanto encanta. Há de divino ver as tuas longas e formadas pernas darem aqueles passos tão elegantes. Há de fantástico ouvir as tuas botas ao longe, ver o teu casaco preto, as tuas calças de ganga tão estimadas, a tua mala castanha e o teu cabelo castanho claro combinado desses lábios carnudos e da beleza única dos teus olhos …que te fazem ser única, hoje e sempre! Já sinto no ar o teu Dior, aproximas-te mais e mais de mim. Já deves estar a 50 m do adeus, infelizmente!
O dia esta frio, levantou-se de súbito um vento que levita do chão a tão indesejada geada que passa por mim petrificando ainda mais o momento …! De súbito chegas mais perto ainda, vejo-te com toda a clareza, não há fuga possível, já me viste, já sorris para mim, já não é possível esconder-me, não posso correr, não posso fugir assim sem ao menos ver-te mais perto e poder abraçar-te ou ao menos sentir pela ultima vez os teus doces lábios … não posso, não posso, não posso … mas e o que faço? Digo-lhe adeus e corro? Digo-lhe que esta tudo bem e continuo isto que apesar de me fazer feliz, faz-me ser incrédulo e inseguro? Aii, amor! Porque és tu dor e incerteza, porque? Porque? Não quero que sofras, mas sei o que vais sofrer, 200 m e tudo mudou e muda por cada instante que vejo-te segura e linda a espera de mim … pior, chegaste tu por fim, já ouvi a tua doce voz, já me abraçaste com toda a tua força, já me sinto embebedado pelo teu Dior e feliz com o sabor dos teus lábios. Estou perdido, não tenho coragem para abrir a boca e dizer fim, em vez disso choro … choro, choro, choro! E tu! Continuas lá… bem agarrada a mim …

Graça

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