sábado, 17 de novembro de 2012

A Janela

Olho pela janela e vejo a imensidão do nada sobre os meus olhos, que, a medida que vão vislumbrando os pequenos raios de luz, fecham-se, num escuro destorcedor. A brisa esbate-me na face gelando-me os pensamentos, agravando a tristeza que o frio levanta sobre as suas égides, firmando a melancolia de uma manha de Outono. O pensamento não é nada, na verdade não passa de uma simples folha branca, cheia de rabiscos e confusões. A janela embacia-se ao mesmo tempo que a respiração fica ofegante e a mão trémula, ao ponto de deixar cair a chávena de chá, que tão cuidadosamente tinha sido preparada minutos antes, com uma saqueta enfadonha de camomila. Mas o que é a vida para além de bases imaginárias, criadas sobre plataformas tectónicas, instáveis, a que a muitos chamam sentimentos? Provavelmente só a brisa o sabe, mas vai dizendo a verdade através de assobios que ninguém percebe. O menino só passa a homem quando reconhece as suas responsabilidades. Quem me dera voltar a ser menino e de desvendar cada assobio dessa fria brisa.
Graça

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